quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Mackenzie oferece curso de tradução da Bíblia

Estão abertas as inscrições no Mackenzie para o curso "Introdução aos Estudos de Tradução Bíblica I". Trata-se de um curso de extensão inédito, que visa fornecer noções fundamentais de teoria e descrição lingüísticas para a formação de profissionais capacitados a trabalhar em contexto intercultural. É provavelmente o único do gênero a ser oferecido por uma universidade do porte do Mackenzie, com o reconhecimento do MEC.

O curso destina-se, preferencialmente, a graduandos e graduados dos cursos de Letras, Letras/Tradutor, Pedagogia, Ciências Sociais e Teologia, e também a interessados que tenham concluído o Ensino Médio. Terá duração de 60 horas e as aulas iniciam este mês, no campus São Paulo, no Mackenzie.

O curso nasceu de uma parceria com a APMT (Agência Presbiteriana de Missões Transculturais), a ALEM (Associação Linguística Evangélica Missionária) e a SIL (Sociedade Internacional de Linguística). É um serviço que o Mackenzie presta ao Reino de Deus, dentro de sua vocação original de ensinar ciências divinas e humanas.


Informações e inscrições pelo site do Mackenzie:



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sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Augustus Nicodemus Lopes

Lançada a Carta de Princípios 2009 do Mackenzie: "Calvino e a Universidade"

Por     22 comentários:
JOÃO CALVINO E A UNIVERSIDADE
500 anos do Nascimento de João Calvino (1509-2009)

Introdução

Em 2009 comemoram-se os 500 anos do nascimento de João Calvino (1509-2009), um dos principais líderes da Reforma Protestante do século XVI e, certamente, o seu maior expoente em termos de teologia e educação. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo uma instituição de ensino confessional presbiteriana, cujas origens se encontram no trabalho de missionários calvinistas no Brasil, saúda a todos e aproveita para destacar, em sua Carta de Princípios 2009, a contribuição deste Reformador para a educação.

Breve Histórico de Calvino


O francês João Calvino nasceu em 1509 em Noyon, na França. As ligações de seu pai com o clero local deram ao menino valiosas oportunidades na área educacional. Frequentou a escola primária e secundária com os sobrinhos do bispo de Noyon e outras crianças de famílias destacadas. No início da adolescência, aos catorze anos, foi estudar em Paris; cursou filosofia e humanidades no Collège de Montaigu, ligado à Universidade daquela cidade.

Sentiu-se atraído pelo humanismo, ou seja, a apreciação pela antiga cultura greco-romana. Dedicou-se ao estudo do latim, do grego, da teologia e dos autores clássicos, além de fazer cursos na área do direito. Através de parentes, amigos e professores, recebeu influências do novo movimento protestante, convertendo-se à fé evangélica por volta de 1533. Dedicou-se, então, ao estudo sistemático e aprofundado da Bíblia, publicando em 1536 a primeira edição de sua obra mais famosa, a Instituição da Religião Cristã, mais conhecida como Institutas. No mesmo ano, passou a residir em Genebra, na Suíça, cidade que recentemente havia abraçado o protestantismo. Após breve permanência ali, viveu por três anos em Estrasburgo (1538-1541), no sul da Alemanha, junto ao reformador Martin Bucer (1491-1551). Nesse período, pastoreou uma igreja constituída basicamente de franceses exilados e, também, lecionou na academia de Johannes Sturm (1507-1589).

Em 1541 regressou a Genebra e ali passou o restante de sua vida. Desenvolveu prodigiosa atividade como líder eclesiástico, pastor, pregador e teólogo. Publicou uma imensa quantidade de escritos na forma de novas edições das Institutas (em latim e francês). A tradução dessa obra para o francês, em 1541, juntamente com outros dos seus muitos e belos escritos, contribuiu para modelar a língua francesa. Calvino também escreveu comentários bíblicos, tratados doutrinários e obras voltadas para a vida interna da Igreja.

Entre seus escritos, temos volumosa correspondência que manteve com um grande número de pessoas ao redor da Europa, desde governantes até pessoas simples. Seu relacionamento com as autoridades de Genebra, de início bastante tenso, passou a ser mais positivo nos anos finais de sua vida.

Em 1559, tornou-se cidadão de Genebra, publicou a edição definitiva das Institutas e fundou a Academia de Genebra, embrião da futura universidade. Faleceu em 1564, aos 55 anos. Alister McGrath demonstrou, em sua biografia sobre Calvino, como o mito de "o grande ditador de Genebra" é enraizado em conceitos populares difundidos especialmente por afirmações sem fatos históricos que as apoiassem, mas que, não obstante, acabaram por moldar a visão de Calvino que hoje prevalece em muitos meios acadêmicos.

No aspecto religioso, Calvino é considerado o pai da tradição protestante reformada, que engloba presbiterianos, congregacionais, uma parte dos batistas e parte do anglicanismo. Seus seguidores ficaram conhecidos, em geral, como reformados.

Um quadro mais próximo aos registros históricos mostra que Calvino era um pastor atencioso, que visitou pacientes terminais de doenças contagiosas no hospital que ele mesmo havia estabelecido, embora fosse advertido dos perigos de contato. Além disso, tomou diversas atitudes que mudaram a vida social da cidade. Foi ele quem instou o conselho municipal de Genebra a afiançar empréstimos a baixos juros para os pobres. Genebra foi o primeiro lugar na Europa a ter leis especiais que proibiam: jogar detritos e lixo nas ruas; fazer fogo ou usar fogão num cômodo sem chaminé; ter uma casa com sacadas ou escadas sem que as mesmas tivessem grades de proteção; alugar uma casa sem o conhecimento da polícia; sendo comerciante, cobrar além do preço permitido ou roubar no peso e, também, estocar mercadorias para fazê-la faltar no mercado e assim encarecê-la (e isso se estendia aos produtores). Assim como Lutero e outros reformadores, ele defendeu a educação universal para todos os habitantes da cidade. É particularmente essa última contribuição de Calvino que queremos enfocar na presente Carta de Princípios.

Calvino e a Educação

Em 1536 Calvino apresentou um plano ao conselho municipal de Genebra que incluía uma escola para todas as crianças, na qual as crianças pobres teriam ensino gratuito. Era a primeira escola primária obrigatória da Europa. Em uma delas as meninas eram incluídas junto com os meninos.

Calvino tinha um alvo muito claro quanto à educação. Ele desejava que os alunos das escolas de Genebra fossem futuros cidadãos da cidade, bem preparados “na linguagem e nas humanidades”, além da formação cristã e bíblica. O currículo que ele ajudou a elaborar tinha ênfase nas artes e nas ciências, além, obviamente, da ênfase nas Escrituras. Conforme nos diz Moore, “O principal propósito da universidade [de Genebra] era eminentemente prático: preparar os jovens para o ministério ou para o serviço no governo.”

Essa preocupação de Calvino com a educação decorria de sua visão cristã de mundo. Entre os pontos de sua teologia que o impulsionavam à missão como educador, havia a concepção do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus, conforme análise de Héber Carlos:

Em sua teologia sobre a imagem de Deus no homem, Calvino viu o ser humano como um ser que aprende inerentemente. Deus depositou no ser humano “a semente da religião” e também o deixou exposto à estrutura total do universo criado e à influência das Escrituras. Por causa dessas coisas, qualquer homem podia aprender, desde o mais simples camponês ao indivíduo mais instruído nas artes liberais.

Outro ponto de suas convicções religiosas era o entendimento de que todo conhecimento vem de Deus, quer seja o conhecimento “sagrado” ou o “profano”. Calvino dispunha de uma visão ampla da cultura, entendendo que Deus é Senhor de todas as coisas e, por isso, toda verdade é verdade de Deus. Essa perspectiva amparava-se no conceito da “Graça Comum” ou “Graça Geral” de Deus sobre todos os homens. Ele diz:

... visto que toda verdade procede de Deus, se algum ímpio disser algo verdadeiro, não devemos rejeitá-lo, porquanto o mesmo procede de Deus. Além disso, visto que todas as coisas procedem de Deus, que mal haveria em empregar, para sua glória, tudo quanto pode ser corretamente usado dessa forma?

Calvino defendia que Deus havia agraciado todas as pessoas com inteligência, perspicácia, capacidade de entender e transmitir, indistintamente da sua fé e crença. Assim, desprezar a mente secular era desprezar os dons que Deus havia distribuído no mundo, até mesmo aos incrédulos, mediante a graça comum.

A Academia de Genebra

Não é de estranhar, à luz das convicções teológicas de Calvino, que ele tivesse seu coração voltado para a educação da população de Genebra e da Europa em geral. Desde 1541 encontramos registros da sua preocupação diária em como dar a Genebra uma universidade. Ele desejava criar uma grande universidade, contudo os recursos da República eram pequenos para isso. Assim, ele se limitou à criação da Academia de Genebra (1559)14, que o historiador Charles Bourgeaud (1861-1941), antigo professor da Universidade de Genebra, considerou como “a primeira fortaleza da liberdade nos tempos modernos”.

No currículo, incluía-se o ensino da leitura e da escrita e cursos mais avançados de retórica, música e lógica. Conforme Campos nos diz em sua pesquisa,16 os alunos passavam do alfabeto à leitura do francês fluente, gramática latina e composição em latim, literatura grega, leitura de porções do Novo Testamento grego, juntamente com noções de retórica e dialética, com base nos textos clássicos. Não é sem razão que, diante da sua capacitação no latim, se dizia que meninos de Genebra falavam como os doutores da Sorbonne.

O currículo da Academia enfocava não somente as artes e a teologia, como igualmente as ciências. Na mente do Reformador, não havia conflito entre fé e ciência na universidade. Ao contrário da visão educacional escolástica medieval, Calvino considerava que o estudo da ciência física tinha como propósito descobrir a natureza e seu funcionamento, pois Deus se revelava à humanidade por meio das coisas criadas, da natureza. Estudando o mundo, o ser humano acabaria por conhecer mais a Deus. A Academia veio a se tornar modelo para outras escolas da Europa.

A Reforma e a Educação

Os cristãos reformados, a exemplo de Calvino, dedicaram-se igualmente a promover a educação, as artes e as ciências. Nunca viram a fé cristã como inimiga do avanço do conhecimento científico e do saber humano.

Alister McGrath cita pesquisa feita por Alphonse de Candolle sobre a participação de membros estrangeiros na Academie des Sciences Parisiense, durante o período de 1666 a 1883, os primeiros séculos posteriores à Reforma protestante. Segundo McGrath, Candolle verificou que,

... os protestantes excediam em muito a quantidade de católicos. Tomando como base a população [de Paris], Candolle estimou que 60 por cento dos membros [da Academie] deveriam ter sido católicos, e 40 por cento, protestantes; as quantias reais acabaram por ser de 18,2 por cento e 81,8 por cento, respectivamente. Embora os calvinistas fossem consideravelmente uma minoria, na parte sul dos Países Baixos, durante o século 16, a vasta maioria dos cientistas naturais dessa região foi proveniente desse grupo.

A mesma pesquisa mostrou que, na composição primitiva da Royal Society de Londres, a maioria dos seus membros era composta por reformados. Tanto as ciências físicas quanto as biológicas eram fortemente influenciadas pelos calvinistas durante os séculos XVI e XVII. Todos esses pesquisadores e cientistas, por sua vez, haviam sido influenciados pela Reforma Protestante, especialmente pela obra de João Calvino.

Na área de educação, especificamente, destaca-se a obra de João Amós Comênio, um moraviano que recebeu alguma influência reformada em sua formação. Em 1611 ingressou na Universidade de Herborn, em Nassau, um dos centros de difusão da fé calvinista,19 sendo aluno do teólogo calvinista Johann H. Alsted (1588-1638). Em 1613 foi admitido na Universidade de Heidelberg (Alemanha), onde estudou teologia. Aqui também havia forte influência calvinista. Comênio ficou conhecido por sua obra Didática Magna, publicada há 300 anos. Produziu, além disso, uma obra vastíssima ligada especialmente à educação (mais de 140 tratados). Sua obra Didática Magna é considerada o primeiro tratado sistemático de pedagogia, de didática e de sociologia escolar. Nessa obra, Comenius defende que a educação, para ser completa, deve contemplar três áreas: instrução, virtude e piedade. Sua visão educacional, influenciada pela Reforma, atinge a dimensão intelectual, moral e espiritual do ser humano.

No período que antecedeu a Guerra Civil nos Estados Unidos, os Reformados que para lá tinham ido, partindo da Europa, haviam construído dezenas de colégios e universidades. E isso numa época de poucos recursos financeiros e econômicos.

Não podemos deixar de citar que muitas das maiores e melhores universidades do mundo foram fundadas por Reformados. A Universidade Livre de Amsterdam, por exemplo, uma das melhores do mundo, foi fundada em 1881 pelo reformado holandês Abraão Kuyper, que mais tarde se tornou Primeiro Ministro da Holanda. A princípio, a universidade era aberta somente para os cristãos reformados e era financiada por doações voluntárias. Mais tarde, em 1960, abriu-se ao público em geral e passou a ser financiada como as demais universidades holandesas, embora ainda retenha as suas tradições e valores reformados.

A Universidade de Princeton, também considerada uma das melhores do mundo, foi fundada em 1746 como Colégio de Nova Jersey. Seu fundador foi o Governador Jonathan Belcher, que era congregacional, atendendo ao pedido de homens presbiterianos que queriam promover a educação juntamente com a religião reformada. Atualmente, é reconhecida como uma das mais prestigiadas universidades do mundo, oferecendo diversos graus em graduação e pós-graduação, mais notavelmente o grau de Ph.D.. Está classificada como a melhor em muitas áreas, incluindo matemática, física e astronomia, economia, história e filosofia.

A conhecida Universidade de Harvard foi fundada em 1643 pelos reformados, apenas seis anos após a chegada deles na baía de Massachussets, nos Estados Unidos. Sua declaração da missão e do propósito da educação, sobre a qual Harvard foi erigida, foi redigida da seguinte maneira:

Cada estudante deve ser simplesmente instruído e intensamente impelido a considerar corretamente que o propósito principal de sua vida e de seus estudos é conhecer a Deus e a Jesus Cristo, que é a vida eterna, (João 17.3); consequentemente, colocar a Cristo na base é o único alicerce do conhecimento sadio e do aprendizado.

A Universidade de Yale, uma das mais antigas universidades dos Estados Unidos, foi fundada na década de 1640 por pastores reformados da recém formada colônia, que queriam preservar a tradição da educação cristã da Europa. Essa é a universidade americana que mais formou presidentes dos Estados Unidos. Em seu alvará de funcionamento concedido em 1701 se diz:

...que [nessa escola] os jovens sejam instruídos nas artes e nas ciências, e que através das bênçãos do Todo-Poderoso sejam capacitados para o serviço público, tanto na Igreja quanto no Estado.

Ainda hoje, nos Estados Unidos, existem centenas de escolas de ensino superior confessionais, associadas a instituições credenciadoras. No Brasil, os Reformados trouxeram importantes contribuições para a educação, com a fundação de escolas e universidades e a influência nos meios educacionais.

Em São Paulo, o Mackenzie é fruto da visão educacional dos reformadores. Fundado por missionários calvinistas, declara-se uma instituição de ensino orientada pelos valores e princípios da fé cristã reformada conforme encontrados na Bíblia. A identidade confessional do Mackenzie atravessou diversas fases em sua história, mas nunca foi deixada de lado ou negada. Hoje, o Estatuto e o Regimento que ordenam a existência e o funcionamento da Universidade deixam clara essa identidade. Como escola de origem reformada, o Mackenzie busca a excelência na educação e a formação integral de seus alunos, a partir de uma visão cristã de mundo. O excelente desempenho da Universidade e das Escolas Mackenzie nas avaliações oficiais, por si só, demonstra que é possível conciliar uma cosmovisão cristã com ensino de qualidade.

Conclusão

As iniciativas pioneiras de Calvino em Genebra na área da educação lhe valeram, conforme destaca o historiador Philip Schaff, o título de “fundador do sistema escolar comum”. O prédio “João Calvino”, situado na Rua da Consolação, onde funciona a alta administração do Mackenzie em seu campus Itambé, é um tributo à visão educacional do Reformador. Em sua principal entrada há uma placa bem visível a todos os que entram no Mackenzie, contendo palavras de Jesus que bem resumem essa visão: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Evangelho de João 8.32).

Augustus Nicodemus Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Colaboram com o conteúdo dessa Carta:
Dr. Alderi Souza de Matos
Dr. Hermisten Costa Pereira
Ms. Franklin Ferreira
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Solano Portela

Cartas que a VEJA não publica...

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A revista VEJA desta semana (No. 2099, 11.02.09) trouxe matéria de capa em várias reportagens internas sobre darwinismo e a teoria da evolução (veja o hábil comentário do Michelson Borges, aqui). O magazine deu seguimento, assim, ao assunto trazido pelo Sr. André Petry no número anterior (vide item 12, no "Breve Histórico" do nosso post prévio - de 04.02.09). Na matéria do No. 2098 ("Lembra-te de Darwin"), o Sr. Petry me citou, em um contexto eivado de distorções e ironias, procurando apresentar criacionistas à luz do ridículo. Enviei correspondência à revista, procurando restaurar a verdade. Esperava-se publicação da carta nesse número, mas, mais uma vez, uma carta minha, reclamando contra a postura do jornalista, não foi publicada (vide ocasião anterior, aqui). Normalmente as principais matérias que suscitam "cartas ao leitor", tabuladas pela própria revista, são em número de 30 a 40 correspondências por matéria. Tragédias e fofocas ensejam mais cartas (Santa Catarina - 105 cartas; a entrevista de Suzana Vieira - 259). A coluna do Petry produziu 129 cartas (a matéria de capa - Robinho - teve apenas 38 cartas), das quais VEJA, neste número 2099, publicou 3: uma defendendo evolução, outra a favor do criacionismo - com uma fraca argumentação, e a última "em cima do muro" - dizendo, mais ou menos, "não sou parte deles, mas deixa o pessoal falar".

O critério de seletividade das correspondências, é uma caixa preta. Esperar-se-ia que, primariamente, o que foi citado, até em respeito ao direito de resposta, fosse ouvido; além disso, várias cartas pertinentes, das quais recebi algumas cópias, foram enviadas e recebidas em tempo hábil à publicação. É claro que a revista não quer questionamentos maiores aos seus colunistas e à sua linha editorial, preserva o monopólio do ataque, sem chance de defesa ou de esclarecimento.

Vou postar, abaixo, algumas dessas cartas não publicadas, começando com a minha, dando os nomes dos autores, mas omitindo os demais dados dos mesmos (documentos e endereços), por segurança:
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São Paulo, 02 de fevereiro de 2009

Senhores:

Fui citado na coluna do Sr. André Petry (“Lembra-te de Darwin” – No. 2098) por ter a educação de atendê-lo em um telefonema na sexta, 30.01.2009. O Sr. Petry é conhecido por sua aversão aos evangélicos (vide VEJA No. 2083, de 22.10.2008) e não perde a oportunidade de atacar mais uma vez a liberdade de expressão, distorcendo fatos nesse artigo. Mesmo sabendo da possibilidade que nada de objetivo e veraz iria vir de seus escritos, esclareci que o os Colégios Mackenzie ensinavam, sim, criacionismo, em paralelo ao evolucionismo e não acreditam em sonegar quaisquer ângulos do conhecimento aos seus alunos. Como instituições confessionais, estão abrigadas na Lei de Diretrizes e Bases e reforçam a pluralidade educacional brasileira, objetivada pela lei. Nada disso é novidade, o Mackenzie faz isso desde 1870, com um ensino pautado pelos princípios e valores das Escrituras Sagradas, contabilizando uma imensa contribuição à sociedade desde os tempos do império. Essa avidez pela excelência de ensino está sendo ampliada, nos últimos anos, com a produção de materiais didáticos próprios.

O Sr. Petry, que na ligação se dizia tão interessado na apuração dos fatos, preferiu me citar seletivamente, omitindo a cobertura global da questão das origens realizada pela Instituição. Além disso, revela sua deficiente pesquisa, não apontando que no próximo mês de abril o Mackenzie apresenta o 2º Simpósio Internacional sobre Darwinismo, ao qual estarão presentes, além de expoentes internacionais da séria escola do Design Inteligente, renomados evolucionistas. Com isso demonstra o acato à pluralidade de idéias e o estímulo ao debate construtivo e saudável, e não a caricatura mal feita que o articulista esboçou em sua coluna. O artigo está muito longe de ser jornalismo saudável e esclarecedor.

Prefere, o Sr. Petry, ridicularizar, classificando em irônica ilação como “macacos tolos” aos que procuram enxergar um pouco mais além e dar continuidade ao ímpeto investigativo. Nunca chamaríamos Darwin de tal, pois foi um ser humano com inteligência, criado à imagem e semelhança de Deus. Petry prefere que a comunidade acadêmica e científica permaneça acorrentada a postulados anacrônicos de 150 anos atrás. Quer o conforto da ignorância de uma era na qual ainda não existiam quaisquer pesquisas possíveis na área de microbiologia, as quais têm exposto um número nada desprezível de fragilidades na teoria da evolução. Demonstra sua ignorância dos diferentes pontos de vista que existem no campo criacionista, com sua definição simplista e monolítica, gerada por ele próprio, e que não foi obtida através desta fonte. Ridicularizar pessoas e instituições é o seu estilo. Pena que uma revista tão séria, como VEJA, que tantas informações valiosas nos fornece a cada semana, o acolha impunemente em suas páginas. Ele diz que o criacionismo assusta. Ter fé em Darwin é o seu direito. Ter carta branca para difamar, isso sim, é assustador.

Francisco Solano Portela Neto

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Prezados Editores de VEJA,

O texto da coluna de André Petry (Lembra-te de Darwin - Edição 2098 de 4 de fevereiro de 2009) é absurdo e incoerente. Fala em ciência, mas mostra pavor pela observação de um pensamento contraditório.

Fala em algo estabelecido, mas que há séculos (dois agora) nunca conquistou o posto de lei, pois ainda é mera teoria.

Fala em evolução, mas ainda fica preso aos métodos antigos de debater: com ironia, deboche, ataque pessoal e irrefletido, além de linguajar inaceitável para um jornalista que assina seu nome numa revista tão séria e respeitável com VEJA.

Samuel Gueiros Vitalino
Pastor da Igreja Presbiteriana de Teresina e Advogado

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Senhores:

“Se há dois lados nesta questão o lado certo só pode ser o meu!” eis o pensamento de alguém embrutecido e emburrecido, que se decidiu, por fé, aceitar os pressupostos darwinistas e rejeitar quem pense diferente. Sim, “Fé”, visto não serem possíveis prová-los em laboratório. É um homem de fé destilando seu preconceito religioso contra a fé dos outros. Pensa ele que é melhor do que a Bíblia, que, segundo ele, é “um livro de fábulas”. É sua forma de demonstrar todo seu desprezo, pelos diferentes dele, pelos milhões de cristãos deste país e mundo fora. É como se todos nós os cristãos fôssemos acéfalos, somente porque não professamos a mesma “fé darwnista” que ele.

Ele não tem estatura para enxergar do ponto de vista que muitos grandes e renomados cientistas cristãos conseguem ver, ainda que este ponto de vista seja percebido até por muitos de escolaridade primária. Também outros igualmente renomados cientistas, não cristãos, já fizeram e refizaram as contas e já perceberam que elas não fecham, e nunca irão fechar, ou seja, perceberam que os pressupostos são “anti-ciência” (Ciência: “vida gera vida semelhante com número limitado de variações” x Darwinismo: “Não vida gerou vida” e “transmutou-se em milhões de espécies” a despeito da ciência afirmar e provar o contrário conforme as “Leis de Mendell” como exemplo).

Estes propõem uma terceira via chamada “design inteligente”, ou seja, não crêem necessariamente no Deus da Bíblia, mas reconhecem os traços claros de uma criação inteligente e muito bem projetada, talvez por uma civilização superior que precedeu ao nosso universo, na especulação de alguns (para compatibilizarem-se com o óbvio).

Mas esse André Petry, emburrecido pelo seus preconceitos, destila impune suas maldades usando as páginas de VEJA, vendidas na sua maior parte para cristãos; destila suas maldades e tripudia sobre uma massa de pessoas pacíficas que pagam seu salário, para serem, em seguida, tão brutalmente desrespeitadas por ele.
Espero que esta conceituada revista tome as providências cabíveis para que se mantenha o padrão de honestidade e respeito perseguidos pelos seus editores e principais articulistas.

ASHBEL SIMONTON VASCONCELOS SOARES

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Srs. Editores:

As afirmações feitas pelo articulista André Petry, em seu artigo acerca do ensino do Criacionismo nas escolas confessionais, são evidência de seu despreparo ou de desonestidade intelectual. Isto porque jamais se apresentou, nas escolas confessionais, o Criacionismo como ciência, tampouco que os seres vivos foram criados há 6000 anos, como ele categórica mas falsamente afirma acontecer. Contrapor crença e superstição a razão e ciência, como faz Petry, é, isso sim, procurar confundir. Crença e superstição, deveria saber Petry, não andam lado a lado e não se confundem.

Finalmente, Petry socorre-se de decisões do diretor de educação (quem?!) da Royal Society e da Suprema Corte americana. Não o faz, contudo, quando o tema é a redução da maioridade penal no Brasil, a respeito do qual ele tem opinião contrária (VEJA, ed 1.966), a despeito das posições das Supremas Cortes ameriacana e inglesa, onde a maioridade penal não está definida mas decorre da capacidade de compreensão do delito cometido pelo infrator. Assim, Petry permite-nos concluir que as decisões daquela Corte somente têm valor quando estão de acordo com seu pensamento.

Jefferson Albuquerque (Assinante)
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Senhores:

Gostaria de fazer algumas perguntas:
1) Dado que o cálculo de seis mil anos para a idade da Terra foi fundamentado nos estudos criacionistas do judaísmo, por que vocês não criticam as escolas confessionais judaicas, que semelhantemente às evangélicas ensinam a visão bíblica da criação, aliás, ensinam a mesma quantidade de anos?

2) Será porque o financiamento dos principais veículos de comunicação mundiais são judeus, e habilmente vocês não querem "fechar a porta"?

3) O que precede à criação de uma célula: a informação ou o material?A própria revista registra que as escolas adventistas estão entre as melhores nos rankings do MEC. E os cursos do Mackenzie estão entre os mais bem avaliados do País. Pelo visto se embrutecer tem suas vantagens.

Daladier Lima dos Santos
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Fica a pergunta: quantas, das 129 cartas, não carregariam palavras de protesto e teriam conteúdo semelhante?

Solano Portela
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quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Solano Portela

Criacionismo nas Escolas? Breve Histórico da Controvérsia Recente e uma Posição Pessoal

A. Breve histórico da Controvérsia Recente (Cansado de tanta história? pule para a parte "B", do post):

1. Em novembro de 2008 o jornalista Marcelo Leite, da Folha de São Paulo, procurou o Mackenzie após tomar conhecimento que livros do Sistema Mackenzie de Ensino (SME) continham referências ao Criador e à Criação, ou seja: ensinavam o criacionismo. Ele fez entrevistas com o Rev. Dr. Augustus Nicodemus (como Chanceler da instituição), com o Rev. Dr. Mauro Meister (o assessor teológico-filosófico do programa), e com o Diretor de Ensino e Desenvolvimento da instituição, que dirige, entre outras coisas, os Colégios Presbiterianos Mackenzie (São Paulo, Tamboré e Brasília) e o SME.

2. O jornalista Marcelo Leite publicou o seu artigo, no domingo 30.11.2008, retratando aproximadamente o que ocorre, mas com a usual tendência de ridicularizar e distorcer quem não reza pela cartilha evolucionista.

3. O artigo teve uma repercussão bem acima da média e o seu blog, geralmente com 4 a 5 comentários por artigo, após a publicação deste artigo, ultrapassou 150 comentários, em duas semanas. A maioria destes, como se espera, fazendo coro no ataque ao criacionismo. Alguns outros, muito bons, em defesa do ensino. Vários pastores presbiterianos postaram comentários, naquela ocasião.

4. Nas duas semanas subsequentes, entre 01 a 12.12.2008 a Folha de São Paulo não passou um dia sem que o assunto “criacionismo” deixasse de freqüentar a coluna de carta dos leitores (Painel do Leitor). Isso despertou o interesse do restante da Mídia e da própria Folha, para continuidade da abordagem.

5. A Folha abordou o Dr. Christiano Silva Neto, conhecido criacionista, para que escrevesse uma posição a favor do criacionismo, colocando na mesma página outra posição contra, do evolucionista da Universidade Federal da Bahia, Charbel Niño El-Hani. Esses dois artigos foram publicados no sábado 06.12.2008, gerando ainda mais cartas sobre o tema.

6. O jornal O Estado de São Paulo fez, então, igual abordagem e entrevista e publicou, no caderno “Educação”, em 08.12.2008, uma reportagem sobre criacionismo nas escolas, dando a posição do Colégio Batista de São Paulo, do Mackenzie e de Colégios Adventistas. Essa reportagem ressaltou que nas escolas católicas “não há conflitos entre fé e teoria evolucionista”.

7. Essas notícias foram debatidas em vários BLOGS, como no do Mestre Enézio de Almeida Filho e no do conhecido Jornalista Reinaldo Azevedo.

8. Em 10.12.2008 a Globo News esteve no Mackenzie, com suas câmeras, repórteres, etc., e entrevistaram os Drs. Mauro Meister e Augustus Nicodemus, bem como a Diretora do Colégio de São Paulo, e coordenadora do SME, Profa. Débora Muniz. Os programas resultantes dessas gravações estão sendo levados ao ar em quatro segmentos neste mês de fevereiro de 2009 (veja links, datas e horários, nos comentários a esse post).

9. Em 13.12.2008, a Folha de São Paulo, na página C-4, publicou mais uma reportagem de página inteira. Nela, o Mackenzie é mencionado nominalmente, contrapondo a instituição ao Ministério da Educação, com várias provocações. Fotos mostraram a entrada e nome do Colégio Presbiteriano Mackenzie, o livro de Ciências, etc. A manchete tentava colocar o MEC em oposição ao ensino do criacionismo, mas a reportagem não conseguiu qualquer pronunciamento oficial do órgão. As escolas que assim ensinam operam dentro da perfeita legalidade, mui especialmente as instituição confessional, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, em seu artigo 20. Este especifica a existência da escola confessional, assegurando assim a “pluralidade de visões” no cenário educacional brasileiro.

10. Em 14.12.2008, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma entrevista/artigo, em destaque, com a Dra. Roseli Fischmann, professora laureada da USP, ex-professora do Mackenzie, na pg. J3. Ela disse que “Deus não freqüenta laboratório de ciência e pesquisador não é divindade”, por isso criacionismo não deveria ser ensinado. Ao posicionar-se contra o ensino do contraditório, ela se contradiz, pois colocou, sim, pesquisadores (ou pretensos) como divindades, com a palavra final, imutável e inquestionável. Esse artigo rendeu diversas "cartas de leitores" e até um editorial - do Jornal, que indicava a rejeição do criacionismo, mas apontava a legitimidade das escolas confessionais, na apresentação de suas convicções. Reinaldo Azevedo destroçou a posição da Roseli, em um post.

11. 2009, como ano em que se comemora 150 anos da publicação do livro a Origem das Espécies, de Darwin, trouxe renovado interesse sobre a questão e várias solicitações de entrevistas, nas escolas confessionais, por órgãos de imprensa.

12. Em 31.01.2009 começa a circular a VEJA No. 2098. Ela traz artigo ("Lembra-te de Darwin") do Sr. André Petry, conhecido por suas posições beligerantemente anti-evangélicas, atacando o criacionismo, ao qual chama de retrocesso, dizendo-se "assustado" com o ensino desse. O artigo provoca reações, mais uma vez, em vários blogs. Muitos a favor, divulgando-o, outros, contra.
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B. Entrevista dada a órgão evangélico de imprensa denominacional (Janeiro de 2009). A seguir, apresento as perguntas formuladas por uma jornalista e as respostas que dei sobre o assunto do ensino do criacionismo em escolas confessionais:

1 - P: É sabido que aula de ciências é aula de ciências e que aula de religião é aula de religião. Mas, na prática, principalmente nas escolas confessionais, as duas "matérias" parecem apontar para uma única direção, que é a do criacionismo. Em se tratando de uma sociedade democrática, não seria mais correto apresentar as duas teorias (criacionismo e evolucionismo) e deixar que, com base na fé e na razão, os alunos escolham qual delas lhes parece mais convincente?
R: É exatamente essa perspectiva ampla, de que existem alternativas de pensamento, que se procura oferecer com o ensino do criacionismo. Há mais de um século que o evolucionismo tem sido apresentado de forma monolítica, não apenas como uma teoria, mas como fato comprovado. Sob o suposto manto de “ciência objetiva”, a academia tem impedido que se mostrem as alternativas interpretativas aos achados da Ciência. Na aula de religião, em uma escola cristã, ensina-se sobre Deus, sobre seus feitos, sobre as implicações de sua existência na vida pessoal, no caráter, no convívio, nas ações. Nas demais matérias, e não é só em Ciências, uma escola Cristã deveria partir do pressuposto de que Deus existe. Essa é uma realidade básica que não deve ser sonegada aos alunos, pois partindo dela eles estão sendo realmente educados e não enganados em uma falsa realidade. Semelhantemente, a “escola secular” não é “neutra”. Ela parte, sim, do pressuposto naturalista de que Deus não existe, ou de que ele é irrelevante ao que está sendo ensinado. A partir disso ela constrói a sua cosmovisão, na qual o homem reina supremo e Deus é o grande ausente. O Deus compartimentalizado à aula de religião, não é o Deus da Bíblia, que interage com a criação. Isso não significa que se ensine religião, na aula de ciência. A ciência explora a natureza, atesta e é construída em cima de regularidades físicas e químicas, chamadas de “leis”, de um universo harmônico que procede de Deus. Estudar ciência nesse contexto, faz muita diferença positiva. Os alunos esperam regularidade, não se surpreendem ou se intrigam com ela. Aprendem, também, a separar os fenômenos repetíveis e verificáveis em laboratório, das ilações filosóficas e meramente interpretativas relacionadas com a origem da matéria, dos seres vivos e da própria humanidade. Por último, as escolas confessionais, ensinam, sim, o evolucionismo, com o qualificativo que é a teoria mais aceita no mundo científico e preparam seus alunos adequadamente para estarem versados sobre ela, ainda que com o qualificativo de que não confundam teoria com fatos.

2 - P: Evolucionistas e criacionistas concordam em alguma coisa? No quê?
R: Concordam. Os evolucionistas examinam as diversas espécies de seres vivos, incluindo o homem, e discernem algum paralelismo estrutural nelas. Chegam à conclusão de que descendem, portanto de um ancestral comum. Os criacionistas verificam que existe, sim, paralelismo estrutural em grande parte da criação. Conjugam isso com a verdade bíblica da existência de um Criador – ou seja, em vez de um ancestral comum, temos um Criador comum, com um plano mestre, que criou as espécies. Há concordância, portanto, na primeira parte da avaliação da natureza. É importante ressaltar que dentro do criacionismo existe uma diversidade de opiniões sobre o desenvolvimento e o tempo a partir da criação, mas o ponto comum é a crença no Deus Criador.

3 - P: Qual a orientação das escolas presbiterianas com relação ao ensino do criacionismo e do evolucionismo?
R: O criacionismo faz parte da cosmovisão cristã. A existência do Deus Criador é substanciada na Palavra de Deus, faz parte dos documentos históricos doutrinários da Igreja Presbiteriana (seus “Símbolos de Fé”). Para serem coerentes, as escolas presbiterianas não deveriam se furtar ao ensino do criacionismo. Ao mesmo tempo, como já afirmamos, é necessário ensinar aos alunos o que diz a teoria da evolução, pois ela faz parte do sistema que nos cerca e no qual estamos inseridos.

4 - P: Os evolucionistas defendem que o evolucionismo é derivado de uma teoria científica consagrada e amplamente comprovada em diversos setores da biologia e antropologia, que ele é um dos pilares das conquistas científicas modernas e que, por conta disto, deve ser ensinado nas escolas. Para eles o criacionismo não passa de uma hipótese, sem bases científicas que comprovem a sua teoria. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
R: O evolucionismo está muito mais para filosofia, do que para ciência verdadeira. Achar que só essa idéia encontra abrigo legítimo em aula de ciência é um grande erro, especialmente nas últimas décadas, onde grandes descobertas da micro-biologia apontam para falhas gritantes na teoria da evolução. Um grande número de cientistas tem abraçado a idéia do Intelligent Design (aportuguesado, no Brasil, para design inteligente). O surpreendente é que vários desses não são cristãos; uma grande parte é até evolucionista em alguns pontos. No entanto têm enxergado que a teoria de Darwin tem lacunas e falhas enormes. Foi formulada, e permanece quase com a sua estrutura original, em época onda nem havia a instrumentação, nem as condições para o desenvolvimento da micro-biologia. O olhar de Darwin era para as coisas externas; o olhar da ciência biológica das décadas passadas, é para as estruturas internas. Elas se apresentam cada vez mais complexas do que se imaginava anteriormente e, ao mesmo, tempo, mais regulares na codificação que aponta para uma inteligência, em sua formação. É incrível como alguns autores, supostamente científicos, como o jornalista Marcelo Leite (Folha de São Paulo, 30.12.2008, no Caderno +!) dizem, sobre o DNA, que “Os primeiros seres vivos da Terra ‘inventaram’ essa maneira de transmitir caracterís­ticas de uma geração a outra, há cerca de 4 bilhões de anos, e ela se perpetuou desde então”! Ou seja, para o evolucionista, é mais fácil acreditar nessa falácia, do que na existência de um Criador Inteligente. Persistir somente com o ensino do evolucionismo, cerrando os olhos, os ouvidos e a boca às outras evidências, é um grande erro, é deseducar.

5 - P: O senhor acha que, um dia, essa discussão sobre "quem tem razão" a respeito da criação do mundo terá fim?
R: Para quem aceita a Palavra de Deus como escritura inspirada, proveniente do próprio Deus, através de autores humanos que foram preservados de erro, em seus registros, a questão já deveria estar resolvida. Deus criou, e ponto final. Para o homem natural, que não aceita a revelação de Deus, ele sempre estará a procura de explicações que excluam o próprio Deus da equação. Como ele teima em viver em metade da realidade, as suas equações sempre terão mais incógnitas do que sua capacidade de resolvê-las. Creio que a ciência irá descobrindo, mais e mais, evidências que dificultarão a ampla aceitação da evolução, como já é visto nos dias de hoje.

6 - P: Qual o papel do educador cristão diante dessas teorias?
R: O educador cristão luta com muitas dificuldades. Uma delas é a carência de material didático. É exatamente isso o que está se procurando suprir com o Sistema Mackenzie de Ensino que tem sido desenvolvido, no Mackenzie, desde 2005. Em 2009, os livros atingirão já o 5º. ano do ensino fundamental, começando com a pré-escola (Maternal, Jardim I e Jardim II). O material de ciências é uma “joint venture” com a ACSI (Associação Internacional de Escolas Cristãs) que foi traduzido e adaptado para as condições brasileiras. Os demais livros e matérias, também refletem a realidade de Deus; partem da pressuposição da divindade e não escondem essa verdade das crianças; mostram a diferença entre os sexos, a partir da criação; defendem o valor da família, e vários outros pilares que hoje são execrados e contestados pela sociedade pagã. A outra dificuldade, é a pressão para respeitabilidade social e corporativa. Eles são pressionados a aceitar a evolução, pois “todos pensam assim”. É preciso coragem e a percepção de que abraçar o criacionismo, nada mais é do que levar a Bíblia a sério e aplicar as verdades da Palavra ao todo da nossa vida. Quando ele encontra uma escola que dá o respaldo institucional a essa postura, obtém uma possibilidade de trabalho consciente e de realização pessoal, educando no sentido real do termo.
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Solano Portela
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