Impressões de Portugal
Neste mês de novembro de 2009 tive a oportunidade de ser um dos palestrantes na 9ª. Conferência FIEL para pastores e líderes em Portugal (foto). O encontro foi no Acampamento Batista em Água de Madeiros, ao norte de Lisboa e no litoral. Participaram cerca de 50 pastores e líderes, alguns com a esposa. Além de mim, falaram Stuart Olyott, pastor batista reformado do País de Gales, e mais dois, os quais enfocaram as 9 marcas de uma igreja saudável defendidas por Mark Dever.
Embora o número de participantes tenha sido pequeno (tem se mantido nessa faixa com os anos) é na verdade uma das maiores conferências evangélicas em Portugal, para vocês terem uma idéia do tamanho das igrejas evangélicas e particularmente das reformadas naquele país. A bem da verdade, não havia somente pastores reformados – acho até que eram minoria. Havia vários de origem pentecostal. Menos de 1,7% da população de Portugal se considera evangélica. As igrejas são pequenas e esparsas. E naturalmente não faltam igrejas neopentecostais, que já criaram problemas inclusive com o governo em questões de dinheiro.
As impressões que tive do tempo que passei neste belo país – que não merece algumas das piadas infames que fazemos com seus habitantes – são estas.
1. Tanto Portugal quanto a Espanha rejeitaram a Reforma protestante. Hoje, estão entre os países mais pobres da União Européia. A porcentagem de crentes na Espanha é ainda menor. Países onde a Reforma floresceu se desenvolveram muito mais em todos os sentidos. Apesar disto, Portugal não é um país atrasado, mas com certeza não se parece com seus primos ricos europeus.
2. Muitos pastores brasileiros que estiveram em Portugal, de denominações diferentes, não causaram uma boa impressão nos portugueses. Ao que parece, despertaram a desconfiança e a rejeição. As causas foram várias, pelo que pude perceber, desde mercenarismo até mau caráter. Hoje as igrejas evangélicas em Portugal têm talvez mais brasileiros do que portugueses. A população portuguesa continua largamente intocada pelo Evangelho de Cristo. Um certo dia de manhã, quando estava com a minha esposa tomando um café com pastel de Belém numa mercearia em Lisboa, ouvimos alguns portugueses contando histórias e piadas de pastores pentecostais em Portugal enquanto tomavam uma cerveja. Detonaram todos os pastores em geral!
3. O Catolicismo Romano vem diminuindo a cada ano em Portugal. Há cerca de dez anos, de acordo com o censo oficial, mais de 90% dos portugueses se declaravam católicos. Hoje, estes números estão na faixa de 70%. Mas, os portugueses não estão largando a Igreja Católica e abraçando a fé evangélica. Estão engrossando a fileira de ateus e agnósticos que cresce bastante na Europa, ou simplesmente se tornaram totalmente indiferentes para com religião em geral e o Cristianismo em particular. Esta indiferença vale para todas as religiões. Há somente uma mesquita em Lisboa, pelo que me contaram. Eu a vi e achei enorme. Mas, como o Stuart Olyott me disse, no Reino Unido e na Europa, os filhos dos muçulmanos não são tão radicais como os pais. A grande maioria deles deseja ocidentalizar-se, trabalhar e estudar, tomar sua cervejinha e ver jogo de futebol como os demais britânicos. Sinceramente, espero que ele esteja certo.
4. O trabalho de grupos para-eclesiásticos como a FIEL é muito bem vindo para apoiar as igrejas pequenas e os pastores sem recursos. Todos os anos a FIEL traz centenas de livros que repassa a preços baixos a estes pastores. Agora também disponibiliza recursos em áudio e online. A Conferência FIEL é um oásis para muitos destes pastores, que aguardam o evento o ano inteiro.
Quem sabe um dia um poderoso avivamento espiritual irromperá neste país tão simpático, mas tão fechado para o Evangelho, trazendo muitos portugueses ao conhecimento salvador de Cristo?
Por fim, ali tive a oportunidade de encontrar vários irmãos portugueses e brasileiros que freqüentam este blog, aos quais mando nossa saudação.