sexta-feira, abril 29, 2011

Augustus Nicodemus Lopes

Declaração de Fé da Fraternidade Reformada Mundial no ar...

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A Fraternidade Reformada Mundial, da qual a IPB é membro fundador juntamente com a PCA e a Igreja Presbiteriana do México, aprovou mês passado uma Declaração de Fé após seis anos de estudo e debate. Participaram da sua elaboração teólogos, pastores, professores e estudiosos dos seis continentes, todos comprometidos com as grandes confissões de fé reformadas.

A introdução da Declaração expõe com clareza os motivos para a sua elaboração. Ela será em breve traduzida para o português e mais uma dezenas de outras línguas. Enquanto isto, para os que lêem inglês segue uma prévia:

DECLARAÇÃO DE FÉ DA FRATERNIDADE REFORMADA MUNDIAL
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quarta-feira, abril 20, 2011

Mauro Meister

Páscoa e Liberdade

Túmulo escavado na pedra, primeiro século.
Como não temos ainda uma nova mensagem para a páscoa, segue um 'requente' do ano passado... 
Antes do texto, um breve comentário sobre a foto ao lado. Quem me conhece sabe que não sou místico, ainda que bastante emotivo. Uma das emoções que senti vistando Israel por alguma vezes foi quando visitei o "Jardim da Tumba" pela primeira vez, um local fora dos muros da cidade atual onde se encontra um tumulo legitimamente datado do primeiro século, um túmulo de um homem rico, com um jardim e uma prensa de óleo. Bem próximo está um monte que lembra uma caveira. Quem vai para a visita certamente vai curioso para ver o túmulo, mas a surpresa e emoção me vieram quando me virei para sair, depois de observar por alguns segundos as pedras frias. Na porta, que se encontra aberta para quem entra, vemos a plaquinha: "Ele não está aqui, mas ressuscitou." Obrigado Senhor, pela ressurreição do teu filho, meu Senhor, meu Salvador.

Páscoa e Liberdade
Tanto para o povo hebreu, que viveu durante 430 anos no Egito, quase todo esse tempo em regime de escravidão, quanto para os cristãos, a páscoa tem um significado essencial: libertação. Aproveitando-nos do tempo e da época em que, com grande estardalhaço de coelhos e ovos se comemora a páscoa comercial, que traz alguma esperança de livramento da opressão da crise econômica para muitos envolvidos no mundo dos negócios, convido o leitor a refletir sobre o significado básico deste precioso evento. Continue lendo: http://tempora-mores.blogspot.com/2010/04/pascoa-e-liberdade.html
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segunda-feira, abril 11, 2011

Mauro Meister

Congresso Nacional de Educadores Cristão - ACSI / ANEP


O 9o Congresso Nacional de Educadores Cristãos, voltado para a educação cristã escolar e promovido pela ACSI e ANEP, ocorrerá no mês de Junho, nos dias  23 e 24. Já temos confirmadas mais de 300 inscrições. Você é educador cristão? Trabalha em uma escola cristã? Tem convicção de que a educação dada na sua escola é baseada em uma legítima cosmovisão cristã? Por conta de perguntas como estas que a ACSI e ANEP organizaram o
Buscai em Primeiro Lugar o Reino de Deus

Universidade Presbiteriana Mackenzie  - Auditório Ruy Barbosa
Rua Itambé, 135, Higienópolis, São Paulo - SP

  • Dr. Derek Keenan
  • Vice Presidente da ACSI Global
  • Dra. Sheryl Vasso
  • Professora da Philadelphia Biblical University, EUA
  • Prof. Stuart Salazar
  • Diretor Regional da ACSI América Latina
  • Dr. Mauro Meister
  • Coordenador do CPAJ
  • Prof. Solano Portela
  • Diretor Financeiro do Instituto Presbiteriano Mackenzie
  • Dr. Augustus Nicodemus
  • Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzi
  • Dr. Marcos Eberlin
  • Professor da UNICAMP
  • Profª Marta Franco Dias
  • Vice Diretora Executiva da ACSI Brasil
  • Profª Dilean Martins
  • Coordenadora Pedagógica da ACSI Brasil
  • Prof. Ricardo Marques
  • Diretor do Colégio Kerigma, Fortaleza
  • Profª Neli Freitas
  • Consultora Pedagógica da ANEP
  • Profª Inez Borges
  • Professora da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Conselheira da AECEP
  • Prof. Wilson do Amaral
  • Secretário da ANEP
  • Paulo Debs
  • Autor de livros infantis
Veja alguns dos workshops que estamos preparando para o evento, alem de outros 30, com diversos palestrantes de todo o Brasil:
UMA ESCOLA COM O CORAÇÃO DE DEUS (Dr. Derek Keenan) – Escolas cristãs desejam ser escolas que refletem o coração de Deus aos seus alunos, pais e comunidade. Há alguns espelhos que podemos usar para ver se é realmente o coração de Deus que está sendo refletido em nós. Toda escola com o coração de Deus terá certas características que podem ser identificadas e avaliadas. Onde estivermos em falta, podemos correr atrás de mudanças, e onde Deus tem nos abençoado, podemos ser gratos e encorajados.

LIVRES PARA VOAR – O ESPÍRITO DO ENSINO (Dr. Derek Keenan) – O “espírito” do ensino é viver a vida privilegiada do professor e esta vida é poderosa, animadora, revigorante e capaz de influenciar. Mas devemos ter uma liberdade de espírito para exercer a plenitude do dom. Começando com o Salmo 142.3, essa plenária explorará a compreensão do “espírito do professor” e a manutenção do mesmo nas nossas escolas e salas de aula.

SUPER SEMINÁRIO PARA PROFESSORES
MANTENDO A ALEGRIA DE ENSINAR (Dr. Derek Keenan) – As demandas do ensino podem ter efeito desgastante ao longo do ano escolar. Esse efeito desgastante é também um efeito cumulativo que pode chegar ao ponto de nos roubar a alegria de servir. O dom de ensinar é o que Deus tem dado a certos indivíduos, os quais Ele deseja que sejam Seu reflexo de uma forma muito especial. Esse dom não está sendo devidamente refletido se não está sendo exercido num espírito de alegria. Esse seminário focaliza em como manter (ou renovar) a gloriosa alegria de ensinar.

WORKSHOP PARA DIRETORES, COORDENADORES E LIDERANÇA
CONFRONTANDO OS INIMIGOS DA EXCELÊNCIA NA LIDERANÇA (Dr. Derek Keenan) Há qualidades, características e fatores comuns de liderança que são desenvolvidos e inseridos na excelência.  Todas as organizações precisam de liderança que confronta os inimigos da excelência e procura uma qualidade de “performance” que beneficia a organização, sua missão e seus funcionários.



Assista a um vídeo sobre o trabalho feito com educadores cristãos no ano passado:




Atenção, o 3o Congresso de Educação Cristã da IPB foi adiado.
Nova data a ser confirmada.



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quarta-feira, abril 06, 2011

Augustus Nicodemus Lopes

Aaahh, agora sim - "Deus" não sabe onde a evolução vai dar...

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Eu nunca havia atentado para o fato de que o teísmo aberto oferece o tipo de deus que alguns evolucionistas teístas tanto precisavam para ser coerentes em sua teoria. A idéia me estalou nesta segunda, conversando com o cientistas cristãos do Discovery Institute em Seattle, que acabam de lançar um livro "God and Evolution" que promete ser uma das críticas mais pertinentes e sérias ao evolucionismo teísta.

Explico.

O evolucionismo teísta acredita que Deus existe e que "criou" a vida na terra através daquilo que a teoria evolucionista chama de processo não dirigido ou intencional, em que mutações acidentais e aleatórias levaram gradativamente à seleção natural e à sobrevivência das espécies mais aptas.

O grande problema aqui com esta teoria são as palavras "não dirigido," "aleatório" e "acidental". Este conceito é fundamental na teoria darwinista. Na verdade, é um de seus pilares. O conceito da evolução repousa neste princípio de que as mutações ocorreram de forma randômica, ao acaso. Como, então, integrar o conceito de mudanças aleatórias com a supervisão do Deus cristão, que é onisciente, onipresente e onipotente? Se Deus é onisciente, como poderia ter inventado um processo natural que se desenrolaria de maneira totalmente imprevisível, acidental e randômica, totalmente fora de seu controle ou conhecimento?

A solução é o deus do teísmo aberto. Esta "divindade," de acordo com os teólogos relacionais, desconhece o futuro e não sabe o que vai acontecer no universo nos próximos minutos. Ou seja, ela serve perfeitamente como o deus do evolucionismo teísta.

É isto que está sendo defendido em anos recentes por evolucionistas teistas. De acordo com os tais, "Deus" implantou no DNA o potencial para as mutações mas não tinha - e nem tem - a menor idéia em que tudo isto vai acabar. O processo evolucionário é autônomo e imprevisível a tal ponto que "Deus" desconhece seu produto final - se é que um dia ele haverá de terminar.

Bem, se é assim, os evolucionistas teístas deveriam mudar o nome para evolucionistas "deístas", uma vez que estes tais acreditam numa divindade remota que criou o mundo como um relógio, deu corda e simplesmente afastou-se. O deus do evolucionismo-deísta-aberto não tem a menor idéia onde tudo isto vai parar. Ainda sou mais Deus.
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terça-feira, abril 05, 2011

Augustus Nicodemus Lopes

Um culto em Mars Hill Church

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Aproveitei uma visita ao Discovery Institute em Seatlle e no domingo fui com meu amigo Davi Gomes à famosa igreja do Mark Driscoll, a Mars Hill Church, localizada em Ballard, próximo ao centro de Seattle. Eu poderia ter ido a várias outras igrejas, inclusive presbiterianas, mas quis conhecer em primeira mão a igreja do Driscoll. Afinal, tem havido tanta controvérsia sobre ele entre reformados que não poderia deixar passar a oportunidade de formar, por mim mesmo, uma opinião sobre sua igreja.

Eu sabia que ele não estaria lá neste domingo. Ele estaria pregando em Chicago. Já conheço bastante o Driscoll através dos podcasts de seus sermões e faltava apenas conhecer seu ministério.

Anoto aqui algumas observações sobre o que vi e ouvi. A primeira delas é quanto à igreja em si. Trata-se de uma edificação térrea, sem andares, que não parece de forma nenhuma com uma igreja. A gente só sabe que é lá porque tem uma placa dizendo “Mars Hill Church” e os horários dos cultos (foto). Uma vez dentro, o local de culto também não parece com nada que eu já havia conhecido. Trata-se de um ambiente enorme, para cerca de 2 mil pessoas, com uma iluminação fraca advinda de enormes abajures pendurados no teto sem forro, sem qualquer entrada para a luz do sol. Cinco telas enormes espalhadas pelo salão ficam transmitindo o culto, passando vídeos e divulgando as programações. O palco tem um púlpito simples ao lado de outra tela onde se projeta os textos bíblicos sendo usados. O pano de fundo são obras artísticas representando temas bíblicos, como a crucificação ou a ressurreição.

Há muita tecnologia visível. Três câmeras gravam e transmitem tudo ao vivo para outras localidades. As telas exibem informações de que os membros podem acompanhar a vida da igreja pelo Twitter ou Facebook. Até mesmo a inscrição nos grupos de comunhão pode ser feita através de mensagens de texto pelo celular! Um jogo de luzes acompanha as músicas. O efeito geral é muito bonito, embora eu pessoalmente não goste muito de efeitos produzidos desta forma durante o culto.

Havia Bíblias disponíveis em toda parte. A versão usada é a ESV, preferida hoje pelos reformados em lugar da NVI e da King James. As cópias disponíveis eram personalizadas para uso da Mars Hill.

O ambiente no geral era totalmente informal. As pessoas pareciam estar totalmente à vontade, embora houvesse um respeito evidente a julgar pelo silêncio absoluto que acompanhava cada leitura da Bíblia, oração e mesmo a pregação. Não havia gente se levantando e andando pelo salão durante o culto. Mesmo as crianças ficavam perto de seus pais. É um ambiente acolhedor, confortável, informal, ao mesmo tempo que também é reverente e respeitoso.

Quanto às pessoas que estavam no culto, eu esperava encontrar cabeludos tatuados com brincos no nariz e na orelha desmontando de enormes Harleys barulhentas. Negativo. Entre as pessoas que vi, apenas uma ou duas tatuadas e uma somente com brinco na orelha – uma proporção absolutamente normal mesmo para padrões brasileiros. A maioria era de jovens adultos vestidos de maneira absolutamente normal. Muitas crianças e adolescentes e uns poucos velhos. Eu diria, julgando pelos carros estacionados, que não são pessoas da classe alta, mas americanos de classe média baixa.
Se me recordo corretamente, a seqüência do culto foi esta: abertura com leitura de Hebreus 12 e uma breve oração, dois cânticos (já já falo sobre isto), um testemunho, avisos das atividades da igreja, mais um cântico, pregação (cerca de 45 minutos), oração, celebração da Ceia, testemunhos, recolhimento de ofertas, mais dois cânticos e pronto. Durou tudo cerca de 2 horas. Embora eu pessoalmente prefira um culto mais litúrgico, não me senti um peixe fora d’água. Não gostei da mistura de avisos com o culto, mas tirando isto, de fato o centro do culto foi Cristo e sua obra.

Alguns comentários sobre as diferentes partes do culto. Primeiro, as músicas. O louvor estava a cargo de uma banda que tocou todas as músicas no estilo rock, com a bateria pegando pesado e solos de guitarra. Apesar disto, não houve gente dançando e nem requebrando, apesar das palmas. O Davi me chamou a atenção depois para ao fato de que várias das músicas eram hinos tradicionais tocados neste estilo – eu na verdade só havia reconhecido um! Não me admira, então, que gostei de todas as letras! Eu pessoalmente prefiro outro estilo musical para a adoração e exultação, mas entendo que este estilo musical alcança bem as pessoas aqui no contexto de Seattle, da geração que Mars Hill tem como alvo. A banda era muito boa, tocou em nível profissional, ao contrário das improvisações e do amadorismo que encontramos em muitas de nossas igrejas.

Uma coisa que apreciei foi que o dirigente do louvor não ficava dando bronca na igreja entre as músicas nem tentando fazer a ponte entre uma música e outra citando passagens da Bíblia. Ele entendia perfeitamente que a missão dele era conduzir o louvor e se ateve exatamente a isto. Outra coisa positiva foi que não tentavam ficar fazendo fundo musical durante as orações ou palavras de exortação do pastor.

Segundo, a pregação. Como eu disse, não foi Mark Driscoll quem pregou, mas um pastor da equipe daquela igreja. O que me chamou a atenção, antes de qualquer coisa, foi que ele e um outro pastor que dirigiu a liturgia se vestiam exatamente como Driscoll: calça jeans, camisa por fora das calças e tênis! Até na maneira de falar e gesticular havia a sombra do Driscoll. Quero crer que Mark teve um impacto muito forte na sua equipe e que esta semelhança não é intencional ou proposital.

Bom, o sermão foi em Lucas 17, a cura dos dez leprosos. Foi uma excelente exposição bíblica. As idéias teológicas eram claramente reformadas, como a doutrina da depravação total, a soberana graça de Deus e a salvação pela fé somente, na obra completa e eficaz de Cristo. A linguagem era fácil, respeitosa, limpa, havia muitas ilustrações e o tom era bem evangelístico. Não houve apelo para as pessoas levantarem a mão aceitando Jesus e nem para virem à frente, mas houve um forte apelo para que aqueles que foram tocados pela mensagem procurassem os pastores ao final.

Durante o sermão as pessoas ficaram absolutamente silenciosas, escutando atentamente a pregação. Era evidente que o sermão era o centro do culto e foi a parte que mais demorou. As músicas escolhidas giravam em torno do tema da mensagem, que foi a graça de Deus em tocar pecadores perdidos, como Jesus tocou aqueles leprosos.

Terceiro, os testemunhos. Ao final da mensagem, depois da Ceia, um dos pastores desceu e foi conversar com algumas pessoas, e escolheu três para darem testemunho de como Cristo havia tocado suas vidas, à semelhança dos leprosos. Foram testemunhos sóbrios, curtos e bem focados. Um em especial emocionou a todos, de um pai cuja filha havia morrido na semana anterior. A confiança deste pai em Jesus Cristo e na ressurreição causou uma profunda impressão em muitos.

Quarto, a celebração da Ceia. Este foi talvez o ponto que achei mais fraco. Devido à grande quantidade de pessoas, há vários pontos no salão onde ficam disponíveis uma taça de vinho e outro de suco de uva, ao lado de uma cesta de pão sem fermento. As pessoas que querem participar chegam, molham um pedaço de pão no vinho ou no suco de uva, e retornam para seus lugares. Uns comem na hora, outros esperam mais para o final, ficou meio desorganizado e se perdeu o senso de comunhão. Também faltou uma explicação mais clara sobre o que era a Ceia e o que os elementos representam. Todavia, é preciso ressalvar que eles não encorajam a que todos participem. Foi dito claramente que se alguém tem consciência de pecados cometidos e não resolvidos, que não deveria participar.
A brochura distribuída no balcão de visitantes, à entrada do salão de cultos, informa que eles têm celebração da Ceia em todo culto – algo a que João Calvino teria dado um retumbante “amém”!

A impressão geral é que o culto é voltado para pessoas quebradas, estragadas pelo pecado, necessitando de arrependimento, perdão e encorajamento. É tudo muito focado na graça. É o tipo de igreja em que pessoas arrebentadas por seus próprios erros e pelos erros de outros se sentirão acolhidas, perdoadas e respeitadas. Estou falando de usuários de drogas, prostitutas, gente que foi abusada sexualmente, mulheres espancadas – enfim, o catálogo é enorme. Em Mars Hill esse pessoal é recebido e a ministração é voltada especialmente para eles. A mensagem do Evangelho e o chamado ao arrependimento e reconciliação com Deus são proclamados muito claramente.

Ao final, penso que o modelo de Mars Hill provavelmente não funcionaria no Brasil, a não ser em alguns ambientes específicos. Mas, penso que o princípio por detrás de Mars Hill merece nossa consideração. Ou seja, que nós, reformados no Brasil, precisamos encontrar uma maneira de ser reformados que seja mais eficaz e relevante para nossa própria cultura, sem comprometer princípios bíblicos. Precisamos refletir seriamente sobre o quanto na tradição reformada é inegociável por ser bíblico, e o quanto pode ser alterado e mudado por representar apenas a maneira reformada de ser de nosso pais e avós séculos passados.
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domingo, abril 03, 2011

Augustus Nicodemus Lopes

O irmão crente do ateu Hitchens

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Quase por acaso me caiu nas mãos um livro escrito pelo irmão do famoso ateu Christopher Hitchens. Eu estava numa reunião em São Paulo com um representante de uma conhecida editora, discutindo sobre a publicação de um livro de minha autoria. Ao término da reunião ele me entregou um livro em inglês e disse que ele havia sido cogitado para ser traduzido em português e publicado no Brasil, mas a editora decidiu não fazer por entender que não teria público para ele.

Tratava-se de "The Rage Against God - How atheism led me to faith" ["A Ira contra Deus - Como o Ateísmo me Levou à Fé"], de Peter Hitchens, publicado em 2010 pela Zondervan. Meu amigo me perguntou se eu tinha interesse no assunto. Respondi que sim pois, coincidentemente, eu havia tentado trazer Christopher Hitchens para um debate sobre ateísmo e fé em Deus no Mackenzie ano passado. A tentativa acabou fracassando porque Christopher foi diagnosticado com câncer e cancelou os compromissos internacionais. Ganhei o livro de presente. E aproveitei uma viagem aos Estados Unidos, as horas monótonas de vôo e a espera em aeroportos, para lê-lo.

Embora Richard Dawkins seja o ateu mais famoso do mundo, Christopher Hitchens tem sido considerado por muitos como mais eficiente em promover o ateísmo. Extremamente inteligente, excelente debatedor e movido por uma raiva profunda contra Deus e o Cristianismo, bem como contra as religiões em geral, Christopher tem empreendido uma cruzada ao redor do mundo - impedida agora em parte por sua doença - contra a fé em Deus, que ele considera a raiz de todos o males que já acometeram a raça humana.

Qual não foi minha surpresa ao descobrir que ele tem um irmão, Peter Hitchens, igualmente inteligente e capaz, que seguiu o caminho contrário de seu irmão ateu. Neste livro,  Peter conta  como ele e Christopher perderam a fé em Deus por volta dos 14 anos de idade. Ambos foram criados num lar protestante na Inglaterra. Seus pais eram da Igreja Anglicana e costumavam freqüentar os cultos, embora fossem cristãos nominais.

A secularização brutal da Europa depois das guerras, o avanço do racionalismo e a perda da esperança e da confiança nos valores que um dia marcaram a Inglaterra levaram ambos a se declarar ateus quando ainda na escola. Peter celebrou sua libertação da religião e de Deus queimando uma Bíblia King James no pátio da escola, perante seus amigos.

Tanto Christopher quanto Peter se tornaram jornalistas bem sucedidos. Christopher se tornou cada vez mais raivoso contra a fé em Deus e aos poucos colocou como alvo supremo de sua vida atacá-la e destruí-la de todas as maneiras possíveis. Peter permaneceu ateu, e embora desprezasse profundamente todos que cressem Deus, não tinha a atitude beligerante de seu irmão.

No livro, Peter atribui seu retorno à fé a alguns fatores. Primeiro, sua experiência na Rússia durante cinco anos como correspondente estrangeiro. A frieza, dureza, desconfiança, rudeza e desumanidade da cultura e civilização da Rússia ateísta, bem como o fracasso do socialismo ateu o levou a uma comparação com a civilização cristã da Inglaterra. Segundo, sua experiência no Iraque como correspondente durante a guerra do Golfo. Ali, mais uma vez, ele percebeu a diferença de uma cultura moldada pelos valores cristãos.

O sub-título do livro, "Como o Ateísmo me levou à fé," é uma referência à constatação que Peter fez, em contato com culturas anti-cristãs, do efeito destruidor do ateísmo na vida das pessoas. Num certo sentido, é o contra argumento da bandeira levantada por seu irmão ateu, Christopher, de que a fé em Deus está por detrás dos maiores males ocorridos na humanidade. Aparentemente, Christopher não levou em consideração os males causados pelos regimes socialistas ateístas.

O evento aparentemente decisivo para a conversão de Peter ocorreu uma vez em que ele estava viajando pelo interior da França com sua namorada. Acabaram visitando uma igreja do século XVI onde há uma pintura famosa de Rogier van der Weyden, chamada de "O Último Julgamento". Ao contemplar a parte do quadro em que os ímpios, em horror, caminham para o inferno em chamas, ele foi abalado por um medo incompreensível de que, se realmente houvesse um inferno, ele seria um dos condenados a passar a eternidade em tormentos.

Peter saiu dali abalado e aos poucos começou a perder sua fé humanista num mundo sem Deus. Ele sentiu que precisava de uma fé que trouxesse sentido ao mundo. E assim, sua jornada de volta começou. Mais tarde sua namorada, uma marxista atéia, também se tornou crente em Jesus Cristo. Ambos se tornaram membros da Igreja Anglicana, onde permanecem até hoje.

Fiz algumas contatações da leitura do livro. Primeiro, que ser ateu é uma decisão que uma pessoa toma "pela fé". O ateísmo é uma religião tanto quanto o Cristianismo. Segundo, que Deus é poderoso para mudar corações, transformar vidas, arrebentar bastiões da incredulidade e salvar homens e mulheres para Sua glória, quando humanamente falando não haveria possibilidades. Terceiro, que não devemos perder as esperanças com nossos jovens, quando mostram fascinação pelos argumentos aparentemente científicos apresentados pelos evangelistas do ateísmo como Dawkins e Hitchens. Oremos para que cedo ou tarde eles percebam que ser ateu é uma escolha precedida por um ato de fé, e não a conseqüência lógica da ciência.

Quando Christopher Hitchens foi diagnosticado com câncer, alguém lhe perguntou se isto não o faria rever sua posição. Ele respondeu sarcasticamente, "se você me vir dizer que agora creio em Deus, é porque o câncer já comeu meu cérebro." 

Veremos. O Deus que mudou a vida de seu irmão pode também mudar a vida de Christopher - sem que ele tenha de ter seu cérebro atingido pelo câncer.
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